sábado, 31 de agosto de 2013

Lira V Parte III

Eu não sou, minha Nise, pegureiro
Que viva de guardar alheio gado;
Nem sou pastor grosseiro,
Dos frios gelos e do sol queimado,
Que veste as pardas lãs do seu cordeiro.
Graças, ó Nise bela,
Graças à minha estrela!
A Cresso não igualo no tesouro;
Mas deu-me a sorte com que honrado viva.
Não cinjo coroa d’ouro;
Mas povos mando, e na testa altiva
Verdeja a coroa do sagrado louro
.
Graças, ó Nise bela,
Graças à minha estrela!
Maldito seja aquele que só trata
De contar, escondido, a vil riqueza,
Que, cego, se arrebata
Em buscar nos avós a vã nobreza,
Com que aos mais homens, seus iguais, abata.
Graças, ó Nise bela,
Graças à minha estrela!
As fortunas, que em torno de mim vejo,
Por falsos bens, que enganam, não reputo;
Mas antes mais desejo:
Não para me voltar soberbo em bruto,
Por ver-me grande, quando a mão te beijo.
Graças, ó Nise bela,
Graças à minha estrela!
Pela ninfa, que jaz vertida em louro
,
O grande deus Apolo não delira?
Jove, mudado em touro
E já mudado em velha não suspira?
Seguir aos deuses nunca foi desdouro.
Graças, ó Nise bela,
Graças à minha estrela!
Pertendam Anibais honrar a História,
Cinjam com a mão, de sangue cheia,
Os louros da vitória;
Eu revolvo os teus dons na minha idéia:
Só dons que vêm do céu são minha glória.
Graças, ó Nise bela,
Graças à minha estrela!

Thiago Soares; Nº 37; 1ºE

Lira VI Parte III

Amor, que seus passos
Ligeiro movia
Por mil embaraços
que um bosque tecia,

Nos ombros me acena
Com brando raminho;
E logo me ordena
Que siga o caminho.

Por entre a espessura
Do bosque me avanço;
E atrás da ventura,
Incauto, me lanço.

Já tinha calcado
Os montes mais duros,
co peito rasgado
os rios escuros:

Eis que uma serpente,
A língua vibrando,
Me crava o seu dente,
Me deixa expirando.

Então, surpreendida
Da dor que a traspassa,
Minha alma ferida
Aos beiços se passa.

As iras detesta
Amor. Isto vendo,
E as asas na testa
Me bate, dizendo:

"Tu choras, tu gemes,
da serpe tocado,
e o braço não temes
de um númen irado?"

Nathan Ferraz; Nº 31; 1º E
Lira IX

Chegou-se o dia mais triste
Que o dia da morte feia
Caí do trono, Dircéia,
Do trono dos braços teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Ímpio Fado, que não pôde
Os doces laços quebrar-me,
Por vingança quer levar-me
Distante dos olhos teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, e vou sem ver-te,
Que neste fatal instante
Há de ser o teu semblante
Mui funesto aos olhos meus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
E crês, Dircéia, que devem
Ver meus olhos penduradas
Ver meus olhos penduradas
Tristes lágrimas salgadas
Correrem dos olhos teus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
De teus olhos engraçados,
Que puderam, piedosos,
De tristes em venturosos
Converter os dias meus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Desses teus olhos divinos,
Que, terno e sossegados,
Enchem de flores os prados,
Enchem de luzes os céus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Destes teus olhos, enfim,
Que domam tigres valentes,
Que nem rígidas serpentes
Resistem aos tiros seus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Da maneira que seriam
em não ver-te criminosos,
Enquanto foram ditosos,
Agora seriam réus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, Dircéia bela,
Rasgando os ares cinzentos;
Virão nas asas dos ventos
Buscar-te os suspiros meus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Talvez, Dircéia adorada,
que os duros fados me neguem
a glória de que eles cheguem
aos ternos ouvidos teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Mas se ditosos chegarem,
Pois os solto a teu respeito,
Dá-lhes abrigo no peito,
Junta-os cos suspiros teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
E quando tornar a ver-te,
Ajuntando rosto a rosto,
Entre os que dermos de gosto,
Restitui-me então os meus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!


Interpretação: Nesta lira, o autor, diz que chega o dia de Dirceu ir embora por causa da sua  participação na Inconfidência Mineira, na lira, diz que tem que ir embora dos braços de Marília, porém ele não tem vontade de ir embora e de se despedir de Marília pois não quer vê-la chorar, diz também que para sempre em seu  pensamento estará o rosto e sua amada. Ele fala que os olhos de Marília são capazes de mudar o seu e dia que tais olhos podem encher o campo de flores, podem domar tigres selvagens, e que nem mesmo rígidas serpentes resistem á eles, nesta parte entendo que Dirceu diz que os olhos de Marília podem apaixonar qualquer um, e que mesmos os mais valentes conseguem resistir á eles.
Dirceu fala que os seus suspiros, virão buscar Marília, porém diz que talvez não cheguem por alguma intervenção, mas se chegarem, Marília deveria guardá-los no peito junto aos suspiros dela. E quando voltar a vê-la quer então que ela devolva os suspiros dele.
Características do Arcadismo: Idealização da mulher amada, pois fala sobre os olhos de Marília; Objetividade, pois se enrolar fala logo o que está sentindo no momento.
Situação Histórica: Dirceu estava sendo levado embora do Brasil, pois participou da inconfidência mineira.
Glossário:
Fado: destino
Funesto: fatal, mortal.

Venturosos: felizes.

Douglas Vieira
N°:09
1°E

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Lira II
Em vão do amado
filho que foge,
Vênus quer hoje
notícias ter.
Sagaz e astuto
ele se esconde
em parte aonde
ninguém o vê.
Dos sinais dados,
bem se conhece que ele aborrece
a mãe que tem.
Se os seus defeitos
Ela publica,
razão lhe fica
de se ofender.
Foge o menino
e, disfarçado,
vive abrigado
numa cruel.
Com mil carícias
a ímpia o trata;
nem o desata
do peito seu.
Se a semelhança
sempre amor gera,
deve uma fera
outra acolher.
Ah! se o teu nome,
Marília, calo,
que de ti falo
bem podes crer.
Mateus Lopes nº 42 1º ano E

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Lira III

Sucede, Marília bela,
À medonha noite o dia;
A estação chuvosa e fria
À quente, seca estação.
           Muda-se a sorte dos tempos;
           Só a minha sorte não?

Os troncos, nas primaveras
Brotam em flores, viçosos;
Nos invernos escabrosos
Largam as folhas no chão.
           Muda-se a sorte dos troncos;
           Só a minha sorte não?

Aos brutos, Marília, cortam
Armadas redes os passos;
Rompem depois os seus laços,
Fogem da dura prisão. 46
           Muda-se a sorte dos brutos;
           Só a minha sorte não?

Nenhum dos homens conserva
Alegre sempre o seu rosto;
Depois das penas vem gosto,
Depois do gosto aflição.
           Muda-se a sorte dos homens;
           Só a minha sorte não?

Aos altos deuses moveram
Soberbos gigantes guerra;
No mais tempo o céu e a terra
Lhes tributa adoração.
           Muda-se a sorte dos deuses;
           Só a minha sorte não?

Há de, Marília, mudar-se
Do destino a inclemência;
Tenho por mim a inocência,
Tenho por mim a razão.
           Muda-se a sorte de tudo;
           Só a minha sorte não?

O tempo, ó bela, que gasta
Os troncos, pedras e o cobre,
O véu rompe, com que encobre
À verdade a vil traição.
           Muda-se a sorte de tudo;
           Só a minha sorte não?

Qual eu sou, verá o mundo;
Mais me dará do que eu tinha,
Tornarei a ver-te minha:
Que feliz consolação!
           Não há de tudo mudar-se,
           Só a minha sorte não!

João Matheus nº: 18 1º ano E
Lira XXII

Por morto, Marília,
Aqui me reputo:
Mil vezes escuto
O som do arrastado
E duro grilhão.
Mas ah! que não treme,
Não treme de susto
O meu coração!

A chave lá soa
No porta segura:
Abre-se a escura
Infame masmorra
Da minha prisão.
Mas ah! que não treme,
Não treme de susto
O meu coração.

Já Torres se assenta;
Carrega-me o rosto;
Do crime suposto
Com mil artifícios
Indaga a razão.
Mas ah! que não treme,
Não treme de susto
O meu coração!

Eu vejo, Marília,
A mil inocentes,
Nas cruzes pendentes,
Por falsos delitos
Que os homens lhes dão.
Mas, ah! que não treme,
Não treme de susto
O meu coração!

Se penso que posso
Perder o gozar-te,
E a glória de dar-te
Abraços honestos,
E beijos na mão,
Marília, já treme,
Já treme de susto
O meu coração!

Repara, Marília,
O quanto é mais forte
Ainda que a morte,
Num peito esforçado,
De amor a paixão.
Marília, já treme,
Já treme de susto
O meu coração!

Lucas nº: 24 1º ano E
Lira XIX

             Nesta triste masmorra,
De um semivivo corpo sepultura,
             Inda, Marília, adoro
             A tua formosura.
Amor na minha idéia te retrata;
Busca, extremoso, que eu assim resista
À dor imensa que me cerca e mata.

             Quando em meu mal pondero,
Então mais vivamente te diviso:
             Vejo o teu rosto e escuto
             A tua voz e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos:
Eu beijo a tíbia luz em vez de face
E aperto sobre o peito em vão os braços.

            Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
            Foge-me a vista e caio,
            Não sei se vivo ou morto.
Enternece-se Amor de estrago tanto;
Reclina-me no peito, e, com mão terna,
Me limpa os olhos do salgado pranto.

            Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
            Movo os membros, suspiro,
            E onde estou pergunto.
Conheço então que Amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:

            “Se queres ser piedoso,
Procura o sítio em que Marília mora,
            Pinta-lhe o meu estrago,
            E vê, Amor, se chora.
Se a lágrimas verter a dor a arrasta,
Uma delas me traze sobre as penas,
E para alívio meu só isto basta.”

Nathan nº: 31 1º ano E

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Lira I

Já não cinjo de louro a minha testa
Nem sonoras canções o deus me inspira.
            Ah! que nem me resta
            Uma já quebrada,
            Mal sonora lira!

Mas neste mesmo estado em que me vejo,
Pede, Marília, Amor que vá cantar-te:
            Cumpro o seu desejo;
            E ao que resta supra
            A paixão e a arte.

A fumaça, Marília, da candeia,
Que a molhada parede ou suja ou pinta,
           Bem que tosca e feia,
           Agora me pode
           Ministrar a tinta.

Aos mais preparos o discurso apronta:
Ele me diz que faça no pé de uma
           Má laranja ponta,
           E dele me sirva
           Em lugar de pluma.

Perder as úteis horas não, não devo;
Verás, Marília, uma idéia nova:
           Sim, eu já te escrevo
           Do que esta alma dita,
           Quanto amor aprova.

Quem vive no regaço da ventura
Nada obra em te adorar, que assombro faça;
            Mostra mais ternura
            Quem te estima, e morre
            Nas mãos da desgraça.

Nesta cruel masmorra tenebrosa
Ainda vendo estou teus olhos belos,
            A testa formosa,
            Os dentes nevados,
            Os negros cabelos.
.
Vejo, Marília, sim; e vejo ainda
A chusma dos Cupidos, que pendentes,
            Dessa boca linda,
            Nos ares espalham
            Suspiros ardentes.

Se alguém me perguntar onde eu te vejo,
Responderei: "No peito", que uns Amores
            De casto desejo
            Aqui te pintaram,
            E são bons pintores.

Mal meus olhos te viram, ah! nessa hora
Teu retrato fizeram, e tão forte,
            Que entendo que agora
            Só pode apagá-lo
            O pulso da morte.

Isto escrevia, quando, oh! céus, que vejo!
Descubro a ler-me os versos o deus louro:
            Ah! dá-lhes um beijo,
            E diz-me que valem
            Mais que letras de ouro.

Douglas nº: 09 1º ano E
Lira X

Arde o velho barril, arde a cabeça,
Em honra de João na larga rua;
O crédulo mortal agora indaga
             Qual seja a sorte sua.

Eu não tenho alcachofra que à luz chegue
E nela orvalhe o céu de madrugada,
Para ver se rebentam novas folhas
             Aonde foi queimada.

Também não tenho um ovo que despeje
Dentro dum copo d’água e possa nela
Fingir palácios grandes, altas torres,
             E uma nau à vela.

Mas, ah! em bem me lembre: eu tenho ouvido
Que na boca um bochecho d’água tome,
E atrás de qualquer porta atento esteja,
            Até ouvir um nome.

Que o nome que primeiro ouvir, é esse
O nome que há de ter a minha amada.
Pode verdade ser; se for mentira,
           Também não custa nada.

Vou tudo executar, e de repente
Ouvi dizer o nome de Filena;
Despejo logo a boca: ah! não sei como
           Não morro ali de pena!

Aparece Cupido; então, soltando
Em ar de zombaria uma risada:
“E que tal”, me pergunta, “esteve a peça?
           Não foi bem pregada?

Eu já te disse que Marília é tua;
Tu fazes do meu dito tanta conta,
Que vais acreditar o que te ensina
            Velha mulher já tonta?”

Humilde lhe respondo: “Quem debaixo
Do açoite da Fortuna aflito geme,
Nas mesmas coisas que só são brinquedos
            Se agouram males, teme.”

Thiago nº: 37 1º ano E
Lira XVIII

Não molho, Marília,
De pranto a masmorra
Que o terno Cupido
Não voe não corra
A i-lo apanhar.
Estende-o nas asas,
Sobre ele suspira,
Por fim se retira,
E vai-to levar.
Se o moço não mente,
Aos tristes gemidos,
Aos ais lastimosos
Não guardes unidos,
Marília, cos teus;
As lágrimas nossas
No seio amontoa,
Forma asas e voa,
Vai pô-las nos céus.
A Deusa formosa,
Que amava aos troianos,

Livrá-los querendo
De riscos e danos,
A Jove buscou.
As águas que o rosto
Da deusa banharam
A Jove abrandaram
e assim os salvou.
Confia-te, ó bela,
Confia-te em Jove;
Ainda se abranda,
Ainda se move
Com ânsias de amor.
O pranto de Vênus,
Que obrou no pai tanto,
Não tem que o teu pranto
Apreço maior.

Mateus Nº42 1º ano E

sexta-feira, 16 de agosto de 2013



  Aliteração 1

 lira IV

"Se estavas alegre,
Dirceu se alegrava;
Se estavas sentida,
Dirceu suspirava
À força da dor.
Marília, escuta
Um triste Pastor."


   Aliteração 2
 
 Lira V

"Aonde passava
Os anos gostosos?
São estes os prados,
Aonde brincava,
Enquanto passava
O gordo rebanho,
Que Alceu me deixou?"

João Matheus nº: 18 1º ano E

Aliteração 1

Lira XVII

Que tens, Marília,
Que ela suspire!
Que ela delire!
Que corra os vales!
Que os montes gire
Louca de amor!
            Ela é que sente
Esta desdita,
E na repulsa
Mais se acredita
O teu Pastor.

Aliteração 2

Lira XXX

Cupido, que a viu de longe,
Contente ao lugar correu;
Cuidando que era Marília
Na face um beijo lhe deu.

Thiago nº: 37 1º ano E.
Aliteração 1

Lira XXII

"[...]Tu não habitarás palácios grande,
Nem andarás no coches voadores;
Porém terás um Vate, que te preze,
Que cante os teus louvores.[...]"

Aliteração 2

Lira XXIV

"[...]Deu as asas aos pássaros ligeiros,
Deu ao peixe escamoso as barbatanas;
Deu veneno à serpente,
Ao membrudo elefante a enorme tromba,
E ao javali o dente.
Coube ao leão a garra;
Com leve pé saltando o cervo foge;[...]"

Lucas nº: 24 1º ano E.
Aliteração 1:

Lira IV

Mal vi o teu rosto,
O sangue gelou-se,
A língua prendeu-se,
Tremi, e mudou-se
Das faces a cor.

Aliteração 2:

Lira X

Se existe um peito,
Que isento viva
Da chama ativa,
Que acende Amor;
Ah! Não habite
Neste montado,
Fuja apressado
Do vil traidor.

Nathan nº: 31 1º ano E.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Lira XV

A minha bela Marília
Tem de seu um bom tesouro;
Não é, doce Alceu, formado
                Do buscado
                Metal louro.
É feito de uns alvos dentes,
É feito de uns olhos belos,
De umas faces graciosas,
De crespos, finos cabelos;E de outras graças maiores,
Que a natureza lhe deu:
Bens, que valem sobre a terra
E que têm valor no Céu.

Eu posso romper os montes,
Dar às correntes espaçosos
              Nos caudosos
              Turvos rios.
Posso emendar a ventura
Ganhando astuto a riqueza;
Mas, ah! caro Alceu, quem pode
Ganhar uma só beleza
Das belezas, que Marília
No seu tesouro meteu?
Bens, que valem sobre a terra,
E que têm valor no Céu.

Da sorte que vive o rico
Entre o fausto alegremente,
Vive o guardador do gado
              Apoucado,
              Mas contente.
Beije pois torpe avarento
As arcas de barras cheias:
Eu não beijo os vis tesouros,
Beijo as douradas cadeias,
Beijo as setas, beijo as armas
Com que o cego Amor venceu:
Bens, que valem sobre a terra,
E que têm valor no Céu.

Ama Apolo, e o fero Marte;
Ama, Alceu, o mesmo Jove:
Não é, não, a vã riqueza,
              Sim beleza,
              Quem os move.
Posto ao lado de Marília
Mais que mortal me contemplo:
Deixo os bens, que aos homens cegam,
Sigo dos Deuses o exemplo:
Amo virtudes, e dotes;
Amo enfim, prezado Alceu,
Bens, que valem sobre a terra,
E que têm valor no Céu.

João Matheus nº: 18 1º ano E
Lira I

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
              Graças, Marília bela,
              Graças à minha Estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
              Graças, Marília bela,
              Graças à minha Estrela!

Mas tendo tantos dotes da ventura,
Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Depois que teu afeto me segura,
Que queres do que tenho ser senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte, e prado;Porém, gentil Pastora, o teu agrado
Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono.
              Graças, Marília bela,
              Graças à minha Estrela!

Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro.
              Graças, Marília bela,
              Graças à minha Estrela!

Leve-me a sementeira muito embora
O rio sobre os campos levantado:
Acabe, acabe a peste matadora,
Sem deixar uma rês, o nédio gado.
Já destes bens, Marília, não preciso:
Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;
Para viver feliz, Marília, basta
Que os olhos movas, e me dês um riso.
               Graças, Marília bela,
               Graças à minha Estrela!

Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço;
Ali descansarei a quente sesta,
Dormindo um leve sono em teu regaço:
Enquanto a luta jogam os Pastores,
E emparelhados correm nas campinas,
Toucarei teus cabelos de boninas,
Nos troncos gravarei os teus louvores.
                Graças, Marília bela,
                Graças à minha Estrela!

Depois de nos ferir a mão da morte,
Ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dois a mesma terra.
Na campa, rodeada de ciprestes,
Lerão estas palavras os Pastores:
“Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos, que nos deram estes.”
                Graças, Marília bela,
                Graças à minha Estrela!

Thiago nº: 37 1º ano E
Lira III

De amar, minha Marília, a formosura
Não se podem livrar humanos peitos.
Adoram os heróis; e os mesmos brutos
Aos grilhões de Cupido estão sujeitos.
Quem, Marília, despreza uma beleza,
             A luz da razão precisa;
             E se tem discurso, pisa
A lei, que lhe ditou a Natureza.

Cupido entrou no Céu. O grande Jove
Uma vez se mudou em chuva de ouro;
Outras vezes tomou as várias formas
De General de Tebas, velha, e touro.
O próprio Deus da Guerra desumano
             Não viveu de amor ileso;
             Quis a Vênus, e foi preso
Na rede, que lhe armou o Deus Vulcano.

Mas sendo amor igual para os viventes,
Tem mais desculpa, ou menos esta chama:
Amar formosos rostos acredita,
Amar os feios de algum modo infama.
Que lê que Jove amou, não lê nem topa,
            Que ele amou vulgar donzela:
             Lê que amou a Dânae bela,
Encontra que roubou a linda Europa.

Se amar uma beleza se desculpa
Em quem ao próprio Céu, e terra move:Qual é a minha glória, pois igualo,
Ou excedo no amor ao mesmo Jove?
Amou o Pai dos Deuses Soberano
             Um semblante peregrino:
             Eu adoro o teu divino,
O teu divino rosto, e sou humano.

~Lucas nº: 24 1º ano E
Lira IV

Marília, teus olhos
São réus, e culpados,
Que sofra, e que beije
Os ferros pesados
De injusto Senhor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Mal vi o teu rosto,
O sangue gelou-se,
A língua prendeu-se,
Tremi, e mudou-se
Das faces a cor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

A vista furtiva,
O riso imperfeito,
Fizeram a chaga,
Que abriste no peito,
Mais funda, e maior.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Dispus-me a servir-te;
Levava o teu gado
À fonte mais clara,
À vargem, e prado
De relva melhor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.
Se vinha da herdade,
Trazia dos ninhos
As aves nascidas,
Abrindo os biquinhos
De fome ou temor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Se alguém te louvava,
De gosto me enchia;
Mas sempre o ciúme
No rosto acendia
Um vivo calor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Se estavas alegre,
Dirceu se alegrava;
Se estavas sentida,
Dirceu suspirava
À força da dor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Falando com Laura,
Marília dizia;
Sorria-se aquela,
E eu conhecia
O erro de amor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Movida, Marília,
De tanta ternura,
Nos braços me deste
Da tua fé pura
Um doce penhor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.
Tu mesma disseste
Que tudo podia
Mudar de figura;
Mas nunca seria
Teu peito traidor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Tu já te mudaste;
E a faia frondosa,
Aonde escreveste
A jura horrorosa,
Tem todo o vigor.
          Marília, escuta
          Um triste Pastor.

Mas eu te desculpo,
Que o fado tirano
Te obriga a deixar-me;
Pois basta o meu dano
Da sorte, que for.
         Marília, escuta
         Um triste Pastor.

~Nathan nº: 31 1º ano E
Galera do grupo,
Não pude falar com todos, mas vamos fazer assim: vocês me passam o número e um trecho da lira, então eu posto com seus nomes e vocês comentam.
Lira II

Pintam, Marília, os Poetas
A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.

Porém eu, Marília, nego,
Que assim seja Amor; pois ele
Nem é moço, nem é cego,
Nem setas, nem asas tem.
Ora pois, eu vou formar-lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito;
Por isso o conheço bem.

Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.

Tem redonda, e lisa testa,
Arqueadas sobrancelhas;
A voz meiga, a vista honesta,
E seus olhos são uns sóis.
Aqui vence Amor ao Céu,
Que no dia luminoso
O Céu tem um Sol formoso,
E o travesso Amor tem dois.

Na sua face mimosa,
Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim.

Mal vi seu rosto perfeito
Dei logo um suspiro, e ele
Conheceu haver-me feito
Estrago no coração.
Punha em mim os olhos, quando
Entendia eu não olhava:
Vendo o que via, baixava
A modesta vista ao chão.

Chamei-lhe um dia formoso:
Ele, ouvindo os seus louvores,
Com um gesto desdenhoso
Se sorriu, e não falou.
Pintei-lhe outra vez o estado,Em que estava esta alma posta;
Não me deu também resposta,
Constrangeu-se, e suspirou.

Conheço os sinais, e logo
Animado de esperança,
Busco dar um desafogo
Ao cansado coração.
Pego em teus dedos nevados,
E querendo dar-lhe um beijo,
Cobriu-se todo de pejo,
E fugiu-me com a mão.

Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu.

~Matheus nº: 42 1º ano E
Lira VI
Oh! Quanto pode em nós a vária Estrela!
Que diversos que são os gênios nossos!
          Qual solta a branca vela,
E afronta sobre o pinho os mares grossos;
Qual cinge com a malha o peito duro,
E marchando na frente das coortes,
Faz a torre voar, cair o muro.

O sórdido avarento em vão defende
Que possa o filho entrar no seu tesouro;
           Aqui fechado estende
Sobre a tábua, que verga, as barras d’ouro.
Sacode o jogador do copo os dados;
E numa noite só, que ao sono rouba,
Perde o resto dos bens, do pai herdados.

O que da voraz gula o vício adora,
Da lauta mesa os seus prazeres fia.
           E o terno Alceste chora
Ao som dos versos, a que o gênio o guia.
O sábio Galileu toma o compasso,
E sem voar ao Céu, calcula, e mede
Das Estrelas, e Sol o imenso espaço.

Enquanto pois, Marília, a vária gente
Se deixa conduzir do próprio gosto,
           Passo as horas contente
Notando as graças do teu lindo rosto.
Sem cansar-me a saber se o Sol se move;
Ou se a terra volteia, assim conheço
Aonde chega o poder do grande Jove.

Noto, gentil Marília, os teus cabelos.
E noto as faces de jasmins, e rosas:
            Noto os teus olhos belos,
Os brancos dentes, e as feições mimosas:
Quem faz uma obra tão perfeita, e linda,
Minha bela Marília, também pode
Fazer os Céus, e mais, se há mais ainda.

~Douglas nº: 09 1º ano E

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Alessandro Lima:      nº: 02
Douglas de Castro    nº: 09
Ezequias de Melo     nº: 12
João Matheus Dias   nº: 18
Lucas Cosme           nº: 24
Nathan Ferraz          nº: 31
Thiago Soares          nº: 37
Matheus Lopes        nº: 42