Lira III
De amar, minha Marília, a formosura
Não se podem livrar humanos peitos.
Adoram os heróis; e os mesmos brutos
Aos grilhões de Cupido estão sujeitos.
Quem, Marília, despreza uma beleza,
A luz da razão precisa;
E se tem discurso, pisa
A lei, que lhe ditou a Natureza.
Cupido entrou no Céu. O grande Jove
Uma vez se mudou em chuva de ouro;
Outras vezes tomou as várias formas
De General de Tebas, velha, e touro.
O próprio Deus da Guerra desumano
Não viveu de amor ileso;
Quis a Vênus, e foi preso
Na rede, que lhe armou o Deus Vulcano.
Mas sendo amor igual para os viventes,
Tem mais desculpa, ou menos esta chama:
Amar formosos rostos acredita,
Amar os feios de algum modo infama.
Que lê que Jove amou, não lê nem topa,
Que ele amou vulgar donzela:
Lê que amou a Dânae bela,
Encontra que roubou a linda Europa.
Se amar uma beleza se desculpa
Em quem ao próprio Céu, e terra move:Qual é a minha glória, pois igualo,
Ou excedo no amor ao mesmo Jove?
Amou o Pai dos Deuses Soberano
Um semblante peregrino:
Eu adoro o teu divino,
O teu divino rosto, e sou humano.
~Lucas nº: 24 1º ano E
Logo na primeira estrofe temos um exemplo de hipérbato, analisando o texto podemos perceber vagamente que o autor estava refletindo sobre o amor e sobre como todos os seres desde nobres, brutos e até mesmo deuses estão sujeitos aos "grilhões do cupido", que por sua vez viaja entre o Céu e a Terra espalhando o amor entre os mortais. No final o autor ainda se pergunta se seu amor é tão grande quanto o amor divino.
ResponderExcluirCaracterísticas do Arcadismo: a lira é cheia de convencionalismo amoroso, também é perceptível uma referência à Mitologia pagã, no caso a romana.
Glossário: >grilhões: espécie de algemas geralmente ligadas a uma esfera de metal por uma corrente.
>Vulcano: equivalente ao deus grego Hefesto.
>Vênus: equivalente a deusa grega Afrodite.
Gostei da interpretação do Lucas. Bastante simples e direita, sem mais delongas, e posso até dizer que o próprio comentário tem características do Arcadismo, como dito acima, bem simples, sem a exerção do inútil e descartado. A citação do Arcadismo também está correta, não contendo o erro "clássico" de quem descreve o Arcadismo, achando que somente colocar que a lira é simples, vai "resolver" algo, sendo que a lira não tem nada de simples, pelo contrário, é realmente um pouco complicado de entender, devido aos jogos de palavras bem colocados pelo autor.
ResponderExcluirAdendo: Nathan Ferraz ; N° 31 ; 1° E
ExcluirAchei a lira também bastante interessante pela menção a mitologia romana, concordo com a interpretação do Lucas e achei interessante pela percepção do hipérbato, além das características do arcadismo bem colocadas por ele, muito boa interpretação usando o "cortar o inútil".
ResponderExcluirThiago;N°37;1°E
ExcluirConcordo com a interpretação da lira, pois acredito que o autor realmente quisesse mesmo refletir sobre o quanto as pessoas estão sujeitas á serem "presas" pelo "cupido".
ResponderExcluirDouglas Vieira
N°:09
1°E
Gostei do comentário do Lucas e achei que ele conseguiu retratar o que a lira diz.A lira é bastante interessante e podemos notar muito o uso da palavra "amor" ou derivados.
ResponderExcluirJoão Matheus
N°:13
1°E
Muito bem colocado e também muito bem explicada a lira pelo Lucas. Gostei também porque ele colocou bem explicado o que estava falando.
ResponderExcluirMateus Lopes n°42 1°E