Lira I
Já não cinjo de louro a minha testa
Nem sonoras canções o deus me inspira.
Ah! que nem me resta
Uma já quebrada,
Mal sonora lira!
Mas neste mesmo estado em que me vejo,
Pede, Marília, Amor que vá cantar-te:
Cumpro o seu desejo;
E ao que resta supra
A paixão e a arte.
A fumaça, Marília, da candeia,
Que a molhada parede ou suja ou pinta,
Bem que tosca e feia,
Agora me pode
Ministrar a tinta.
Aos mais preparos o discurso apronta:
Ele me diz que faça no pé de uma
Má laranja ponta,
E dele me sirva
Em lugar de pluma.
Perder as úteis horas não, não devo;
Verás, Marília, uma idéia nova:
Sim, eu já te escrevo
Do que esta alma dita,
Quanto amor aprova.
Quem vive no regaço da ventura
Nada obra em te adorar, que assombro faça;
Mostra mais ternura
Quem te estima, e morre
Nas mãos da desgraça.
Nesta cruel masmorra tenebrosa
Ainda vendo estou teus olhos belos,
A testa formosa,
Os dentes nevados,
Os negros cabelos.
.
Vejo, Marília, sim; e vejo ainda
A chusma dos Cupidos, que pendentes,
Dessa boca linda,
Nos ares espalham
Suspiros ardentes.
Se alguém me perguntar onde eu te vejo,
Responderei: "No peito", que uns Amores
De casto desejo
Aqui te pintaram,
E são bons pintores.
Mal meus olhos te viram, ah! nessa hora
Teu retrato fizeram, e tão forte,
Que entendo que agora
Só pode apagá-lo
O pulso da morte.
Isto escrevia, quando, oh! céus, que vejo!
Descubro a ler-me os versos o deus louro:
Ah! dá-lhes um beijo,
E diz-me que valem
Mais que letras de ouro.
Douglas nº: 09 1º ano E
Nesta lira, o eu lírico, já está preso e com isso diz que sente saudade de Marília e que se sente infeliz por não ter por perto sua amada. Diz também que deus não o inspira para criar novas canções, e que perdeu tudo, menos a lembrança do rosto de Marília, que segundo ele, só poderá ser apagado com a morte.As características do Arcadismo que encontrei na lira é a idealização da mulher amada(no caso Marília),objetividade pois vai “direto ao ponto digamos assim”, sem enrolar muito para chegar ao seu raciocínio.A situação histórica, penso que o eu lírico já estava preso.
ResponderExcluirCinjo*=Rodear
Candeia*=Lâmpada formada por barro.
Regaço*=Lugar de repouso.
Douglas Vieira
N°:09
1°E
Concordo plenamente com o comentário de Douglas. Pelo meu ver, o mesmo colocou muito bem os fatos citados, enfatizando-os corretamente. A parte do Arcadismo também segue o seu real conceito.
ResponderExcluirNathan Ferraz ; Nº 31 ; 1º E
Concordo com o comentário do Douglas e do Nathan. O autor realmente sente saudades de Marília e e como falou o Doulas o eu lírico, já está preso.
ResponderExcluirJoão Matheus;Nº 18 ; 1º E
Concordo com a interpretação, a lira realmente é bem triste e ainda por ser uma das primeiras liras escritas na prisão é uma dasm ais tristes, achei boa a análise do Douglas e achei bem objetiva, tanto a análise quanto a lira.
ResponderExcluirThiago Soares Silva; 1°E; N°37
Também concordo com a interpretação feita pelo Douglas pois, na lira o autor está realmente triste devido à ausência de sua amada, Marília, porque ele esta preso.
ResponderExcluirMateus Lopes
nº 42
1º E
Imaginem a dor que Tomás estava sentindo nesse momento, essa segunda parte do livro consegue me passar uma certa angústia, mas deixando de lado esse assunto, concordo com o Douglas e também acredito que ele já estava preso.
ResponderExcluirLucas número: 24 1 ano E