Chegou-se o dia mais triste
Que o dia da morte feia
Caí do trono, Dircéia,
Do trono dos braços teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Ímpio Fado, que não pôde
Os doces laços quebrar-me,
Por vingança quer levar-me
Distante dos olhos teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, e vou sem ver-te,
Que neste fatal instante
Há de ser o teu semblante
Mui funesto aos olhos meus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
E crês, Dircéia, que devem
Ver meus olhos penduradas
Ver meus olhos penduradas
Tristes lágrimas salgadas
Correrem dos olhos teus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
De teus olhos engraçados,
Que puderam, piedosos,
De tristes em venturosos
Converter os dias meus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Desses teus olhos divinos,
Que, terno e sossegados,
Enchem de flores os prados,
Enchem de luzes os céus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Destes teus olhos, enfim,
Que domam tigres valentes,
Que nem rígidas serpentes
Resistem aos tiros seus?
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Da maneira que seriam
em não ver-te criminosos,
Enquanto foram ditosos,
Agora seriam réus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Parto, enfim, Dircéia bela,
Rasgando os ares cinzentos;
Virão nas asas dos ventos
Buscar-te os suspiros meus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Talvez, Dircéia adorada,
que os duros fados me neguem
a glória de que eles cheguem
aos ternos ouvidos teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Mas se ditosos chegarem,
Pois os solto a teu respeito,
Dá-lhes abrigo no peito,
Junta-os cos suspiros teus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
E quando tornar a ver-te,
Ajuntando rosto a rosto,
Entre os que dermos de gosto,
Restitui-me então os meus.
Ah! não posso, não, não posso
Dizer-te, meu bem, adeus!
Interpretação: Nesta
lira, o autor, diz que chega o dia de Dirceu ir embora por causa da sua participação na Inconfidência Mineira, na
lira, diz que tem que ir embora dos braços de Marília, porém ele não tem
vontade de ir embora e de se despedir de Marília pois não quer vê-la chorar,
diz também que para sempre em seu
pensamento estará o rosto e sua amada. Ele fala que os olhos de Marília
são capazes de mudar o seu e dia que tais olhos podem encher o campo de flores,
podem domar tigres selvagens, e que nem mesmo rígidas serpentes resistem á
eles, nesta parte entendo que Dirceu diz que os olhos de Marília podem
apaixonar qualquer um, e que mesmos os mais valentes conseguem resistir á eles.
Dirceu fala que os seus suspiros, virão buscar Marília,
porém diz que talvez não cheguem por alguma intervenção, mas se chegarem,
Marília deveria guardá-los no peito junto aos suspiros dela. E quando voltar a
vê-la quer então que ela devolva os suspiros dele.
Características do
Arcadismo: Idealização da mulher amada, pois fala sobre os olhos de
Marília; Objetividade, pois se enrolar fala logo o que está sentindo no
momento.
Situação Histórica:
Dirceu estava sendo levado embora do Brasil, pois participou da inconfidência
mineira.
Glossário:
Fado: destino
Funesto: fatal, mortal.
Venturosos: felizes.
Douglas Vieira
N°:09
1°E
Gostei bastante do comentário do Douglas. Bem completo, com uma enfatização correta, bem colocada. As características do Arcadismo e o Glossário estão bem bacanas também.
ResponderExcluirNathan Ferraz; Nº 31; 1º E
Concordo muito bom o comentário, rico em detalhes e cheio de informação, achei uma interpretação bastante completa.
ResponderExcluirThiago Soares Silva; N°37; 1°E