quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Lira VI
Oh! Quanto pode em nós a vária Estrela!
Que diversos que são os gênios nossos!
          Qual solta a branca vela,
E afronta sobre o pinho os mares grossos;
Qual cinge com a malha o peito duro,
E marchando na frente das coortes,
Faz a torre voar, cair o muro.

O sórdido avarento em vão defende
Que possa o filho entrar no seu tesouro;
           Aqui fechado estende
Sobre a tábua, que verga, as barras d’ouro.
Sacode o jogador do copo os dados;
E numa noite só, que ao sono rouba,
Perde o resto dos bens, do pai herdados.

O que da voraz gula o vício adora,
Da lauta mesa os seus prazeres fia.
           E o terno Alceste chora
Ao som dos versos, a que o gênio o guia.
O sábio Galileu toma o compasso,
E sem voar ao Céu, calcula, e mede
Das Estrelas, e Sol o imenso espaço.

Enquanto pois, Marília, a vária gente
Se deixa conduzir do próprio gosto,
           Passo as horas contente
Notando as graças do teu lindo rosto.
Sem cansar-me a saber se o Sol se move;
Ou se a terra volteia, assim conheço
Aonde chega o poder do grande Jove.

Noto, gentil Marília, os teus cabelos.
E noto as faces de jasmins, e rosas:
            Noto os teus olhos belos,
Os brancos dentes, e as feições mimosas:
Quem faz uma obra tão perfeita, e linda,
Minha bela Marília, também pode
Fazer os Céus, e mais, se há mais ainda.

~Douglas nº: 09 1º ano E

8 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Na minha opinião, o autor cita vários exemplos de coisas que as pessoas fazem que lhe dão prazer e alegria em fazer tal coisa. E com esse raciocínio, fala sobre o seu maior prazer ou maior alegria que é contemplar a beleza de Marília.
    Eu percebi nesta lira que uma das características do arcadismo presente na lira é o Racionalismo, pois o autor conta sobre a sua maior alegria (que é ver Marília) a partir de assuntos da época.
    Para mim, a situação histórica que estava ocorrendo no momento da criação poema era de muitos perdendo todo seu dinheiro em jogo, de intelectuais conseguindo concluir cálculos complicados, etc.
    É uma lira interessante, porém muito difícil de compreender.
    Coorte-Conjunto de pessoas que tem em comum um evento que se deu no mesmo período.
    Douglas Vieira
    N°:09
    1°E

    ResponderExcluir
  3. Eu concordo com o que foi colocado pelo Douglas, pois o autor utiliza realmente exemplos que citam coisas do cotidiano de Dirceu, uma característica do arcadismo portugues, e da ênfase à beleza de Marília e tem alegria em contempla-la.
    Mateus Lopes nº 42 1º E

    ResponderExcluir
  4. Concordo em partes com o Douglas. Bem, tudo que o cujo citou, percebe-se que há na lira. Mas ele deu uma ênfase, digamos que, errada. Essa tal ênfase é sobre o autor para Marília, de como ele a adorava, e tinha o maior prazer em, digamos, contemplar a beleza da mesma. Não discordo disso, e nem mesmo questiono o amor que ele sentia por Marília! Mas, pelo o que eu vi na lira, a maior ênfase está para, como dito pelo Douglas, com uma ênfase, que pra mim, foi colocada de um modo impróprio, os jogos de azar, presumo eu, que estavam arrancando o dinheiro de um diversos sujeito, o ocultos até então, intelectuais "decifrando" cálculos, brigas por algo, que na minha opinião, seria dívidas. Posso até estar me equivocando, mas de primeira mão, é isso o que eu penso sobre o comentário do Douglas.

    Nathan Ferraz ; N° 31 ; 1° E

    ResponderExcluir
  5. Concordo com o Douglas em parte,pois na primeira parte ele realmente enfatiza os jogos de azar da época,mas quando ele começa realmente a falar de Marília,ele coloca a primeira estrofe como um contrapeso,uma alternativa aos jogos.A característica do arcadismo realmente está presente como ele colocou,no mais foi boa a interpretação.
    Thiago Soares Silva;N°37;1°E

    ResponderExcluir
  6. também concordo, e digo mais, achei uma característica do arcadismo: crítica a vida nos centros urbanos, que no caso critica justamente os jogos de azar e a disputa pela resolução dos cálculos.

    ResponderExcluir
  7. Concordo com o comentário do Douglas.O comentário do Thiago também está muito bom,eu gostei do que o Thiago disse nesta parte "ele coloca a primeira estrofe como um contrapeso,uma alternativa aos jogos".
    João Matheus
    N°:13
    1°E

    ResponderExcluir
  8. Pude notar besta lira, que o Gonzaga nega quase toda a característica do neoclassicismo, como bom romântico que é, e bafora já antecipado a melancolia advinda do futuro com a pouca importância da ciência contemporânea e o nem aí para o clássico passado!

    ResponderExcluir